a gaiola #2 - adaptação sobre a paisagem - 2009
Esta gaiola foi realizada em 2008, mas em 2009 sofreu alterações e ganhou um desenho.
Projeto para gaiola #2 adaptação sobre a paisagem
aquarela e canetas s/ papel
75 x 55 cm
2009
a gaiola #2 -adaptação sobre a paisagem
objeto - gaiola, grama sintética, mini-tijolos, mini-telhas, cimento, areia e vasilha plástica
50 x 28 x 28 cm
2008
Projeto para gaiola #2 adaptação sobre a paisagem
aquarela e canetas s/ papel
75 x 55 cm
2009
a gaiola #2 -adaptação sobre a paisagem
objeto - gaiola, grama sintética, mini-tijolos, mini-telhas, cimento, areia e vasilha plástica
50 x 28 x 28 cm
2008
Depois da natureza (morta) a paisagem
A gaiola e a casa em perspectiva
A gaiola
Oceano pacífico ou casa alagada
Aglomerado de vasinhos - desenho e instalação
Este trabalho é resultado da união de alguns vasos de plantas que criei, ora construindo, ora reaproveitando objetos.
As fotos abaixo foram feitas na exposição "Desenho em todos os sentidos" que está espalhada pelos SESCs da região serrana durante o festival de inverno que está acontecendo. A curadoria é de Marcelo Campos.
As fotos abaixo foram feitas na exposição "Desenho em todos os sentidos" que está espalhada pelos SESCs da região serrana durante o festival de inverno que está acontecendo. A curadoria é de Marcelo Campos.
Ilhas Portáteis - 2007
Fiz esta série no final do ano passado. Foi a minha primeira experiência com vasos de planta, cimento, tijolos..em miniatura. É um processo bem parecido com o do desenho. Esta série possui mais um vaso, a ilha para não cuidar, que era com uma arvorezinha falsa.
Projeto para aparelho de som (quebrado) reutilizado - 2008
A partir de uma aparelho de som quebrado tive a idéia de criar uma espécie de pracinha.
Fiz a experiência de construir o objeto ao mesmo tempo em que desenhava. A idéia de projeto ainda existe neste desenho, mas também acho que no caso traz outras informações. Este desenho é um projeto de desenho, na verdade. Eu o represento já emoldurado e pendurado na parede. Sendo assim, se abstrairmos um pouco, da pra imaginar que este desenho não existe. Ou não?
Ele receberá uma moldura que seja a mais parecida com a representada no projeto.
Já o objeto, está evoluindo..a planta está crescendo (peguei ela de uma parede de concreto) e na parte superior eu plantei feijão..que tb está crescendo...
Fiz a experiência de construir o objeto ao mesmo tempo em que desenhava. A idéia de projeto ainda existe neste desenho, mas também acho que no caso traz outras informações. Este desenho é um projeto de desenho, na verdade. Eu o represento já emoldurado e pendurado na parede. Sendo assim, se abstrairmos um pouco, da pra imaginar que este desenho não existe. Ou não?
Ele receberá uma moldura que seja a mais parecida com a representada no projeto.
Já o objeto, está evoluindo..a planta está crescendo (peguei ela de uma parede de concreto) e na parte superior eu plantei feijão..que tb está crescendo...
Pracinha modernista e playground - objeto e projeto - 2008
Formarias
sombra e água fresca
aquarela s/ papel
100 x 140 cm
2008
coleção Gilberto Chateaubriand
instalação
200 x 350 x 250 cm
por Maria do Carmo Nino
“(...) o que não é, o que não é ainda, o que é tudo, o que é nada o que não é mais.”
“(...) o que não é, o que não é ainda, o que é tudo, o que é nada o que não é mais.”
Jean Tardieu
O artista plástico Daniel Murgel é um inventor de lugares que atingem nossa existência humana apenas através de seu olhar subjetivo, onde a sua percepção daquilo que é da dimensão do natural e do artificial modifica aquela que temos destas noções no nosso embate cotidiano. O neologismo Formarias é uma alusão às derivações das formas reconhecidas que parcialmente compõem e estruturam o universo de natureza intrinsecamente fragmentária imaginado pelo artista, em que a noção histórica de paisagem se vê re-inscrita estética e poeticamente.Desta maneira, ele consegue que reconstruamos e reinterpretemos nossos encontros com as coisas comuns, modificando nossos pontos de vista, indo além do banal, perturbando alguns modos de reconhecimento que são baseados em categorias estéticas tradicionais, tornando inclusive aprazível e bem-humorada uma cena que seria apenas prosaica, sem graça, incompetente para conseguir vencer nossa indiferença. Esta concepção de paisagens reapresentadas quer sejam nos desenhos, como projetos ou abstrações no plano bidimensional, quer sejam concretamente no espaço tridimensional, consegue se impor em um mundo onde as solicitações de toda ordem se multiplicam para nós numa densidade que aumenta exponencialmente, e as questões abordadas não deixem de ser objeto de empreendimentos cada vez mais numerosos no contexto inclusive de várias outras linguagens artísticas como literatura e cinema. Indo de encontro à desertificação dos sentidos tão presente hoje, ao contribuir para a revelação do que há de singular e significativo neste diálogo da natureza x cultura, onipresente na história humana, ao mesmo tempo em que de modo obtuso nos falam à memória já constituída, esses lugares fundem-se em uma nova identidade, reinvestem-se para nós com uma inusitada emoção e uma nova personalidade, tornando-os referenciais de uma relação que sob a égide de Daniel se quer, não sem ironia, conciliatória, como alude o título da instalação, Sombra e água fresca, esta mesma pertencente à série “piscininhas: ambientes para convivência pacífica “.
sombra e água fresca
aquarela s/ papel
100 x 140 cm
2008
coleção Gilberto Chateaubriand
instalação
200 x 350 x 250 cm
coleção gilberto chateaubriand
Texto de Renato Silva
"Ah, o tempo é o mágico de todas as traições... E os próprios olhos, de cada um de nós, padecem viciação de origem, defeitos com que cresceram e a que se afizeram, mais e mais."João Guimarães Rosa - “O Espelho”
A esfera do improvável que permeia a obra de Daniel Murgel incomoda por diversos motivos, mas, podemos nos voltar ao mais próximo. Afinal, para que nos dedicarmos a mergulhar no tanque e buscar o aconchego de uma casa onde nos poríamos no absurdo do cárcere que nos sufocaria?
Nos choca o domínio que se impõe pelo objeto, intrigante em suas impossibilidades. A contraditoriedade estabelecida entre o querer e a repulsa é o indicativo de que o artista se mostra imune aos nossos apelos em chegar até ele sem que haja nesse processo um mínimo de intimidade e reflexão. Ele docemente nos corrompe. Oferece-nos um telhado que emerge convidativo. O assombro de habitarmos juntos aos seres que nele costumam deitar a sua liberdade. Mas há ainda a questão levantada anteriormente e que aflitivamente, ecoa em nós.
Daniel Murgel nos permite a apreciação de sua idéia de aconchego no cárcere, porém, nossa posição é incômoda. Estamos no externo da prisão e nesta queremos adentrar. O jardim, símbolo de conforto é por nós ansiado e para nele nos instalarmos é necessário transpor alguns obstáculos. O problema está em saber, exatamente, quais e o que significam esses. Talvez o Ficus, transparente em sua força descomunal em manter-se vivo em meio à hostilidade do meio nos faça refletir sobre nossas limitações.
O sujeito elaborado em cada um dos trabalhos de Daniel Murgel elucida questões e aponta significados distantes de nossa razão. Entender o teórico e conviver com o metafórico em sua obra nos conduz à esfera do fascínio; tamanha a dedicação com que continuamos na tentativa em esquematizá-la quando nos afastamos de seu contato.
O sentido de percepção espacial e os caminhos oblíquos percorridos pelo artista em sua busca por criar as dimensões possíveis para o seu desdobramento pictórico e intervencional nos transtornam em demasia. Há em seus trabalhos algo que nos venda ao expor-nos às idiossincrasias que acabam por nos transportar - como que passageiros de seus devaneios - nos escondendo por trás de seu pensamento. Transforma-nos em voyeurs particulares de suas criações.
O que existe da verdade nessa casa? Nós a desejamos por seu possível aconchego, mas somos impelidos, em cada momento, a desvendar as pistas deixadas como forma de entendermos o nosso meio. Afinal, a transitoriedade daqueles que se ordenam libertos, é também o nosso desejo. Contudo, ainda buscamos o conforto do cárcere. Contraditórios que somos
esconderijo de aguapés
aquarela s/ papel
100 x 140 cm
"Ah, o tempo é o mágico de todas as traições... E os próprios olhos, de cada um de nós, padecem viciação de origem, defeitos com que cresceram e a que se afizeram, mais e mais."João Guimarães Rosa - “O Espelho”
A esfera do improvável que permeia a obra de Daniel Murgel incomoda por diversos motivos, mas, podemos nos voltar ao mais próximo. Afinal, para que nos dedicarmos a mergulhar no tanque e buscar o aconchego de uma casa onde nos poríamos no absurdo do cárcere que nos sufocaria?
Nos choca o domínio que se impõe pelo objeto, intrigante em suas impossibilidades. A contraditoriedade estabelecida entre o querer e a repulsa é o indicativo de que o artista se mostra imune aos nossos apelos em chegar até ele sem que haja nesse processo um mínimo de intimidade e reflexão. Ele docemente nos corrompe. Oferece-nos um telhado que emerge convidativo. O assombro de habitarmos juntos aos seres que nele costumam deitar a sua liberdade. Mas há ainda a questão levantada anteriormente e que aflitivamente, ecoa em nós.
Daniel Murgel nos permite a apreciação de sua idéia de aconchego no cárcere, porém, nossa posição é incômoda. Estamos no externo da prisão e nesta queremos adentrar. O jardim, símbolo de conforto é por nós ansiado e para nele nos instalarmos é necessário transpor alguns obstáculos. O problema está em saber, exatamente, quais e o que significam esses. Talvez o Ficus, transparente em sua força descomunal em manter-se vivo em meio à hostilidade do meio nos faça refletir sobre nossas limitações.
O sujeito elaborado em cada um dos trabalhos de Daniel Murgel elucida questões e aponta significados distantes de nossa razão. Entender o teórico e conviver com o metafórico em sua obra nos conduz à esfera do fascínio; tamanha a dedicação com que continuamos na tentativa em esquematizá-la quando nos afastamos de seu contato.
O sentido de percepção espacial e os caminhos oblíquos percorridos pelo artista em sua busca por criar as dimensões possíveis para o seu desdobramento pictórico e intervencional nos transtornam em demasia. Há em seus trabalhos algo que nos venda ao expor-nos às idiossincrasias que acabam por nos transportar - como que passageiros de seus devaneios - nos escondendo por trás de seu pensamento. Transforma-nos em voyeurs particulares de suas criações.
O que existe da verdade nessa casa? Nós a desejamos por seu possível aconchego, mas somos impelidos, em cada momento, a desvendar as pistas deixadas como forma de entendermos o nosso meio. Afinal, a transitoriedade daqueles que se ordenam libertos, é também o nosso desejo. Contudo, ainda buscamos o conforto do cárcere. Contraditórios que somos
esconderijo de aguapés
aquarela s/ papel
100 x 140 cm
coleção banco do nordeste
Ilha, 2007 - desenho/projeto e instalação
Este projeto foi selecionado e premiado no 58 salão de abril, Fortaleza - CE
série Minhas perplexidades e meus amores, 2007
esta série foi apresentada em novembro de 2007, na galeria Mercedes Viegas (RJ) e contou com texto crítico de Fernando Cocchiarale.
abaixo segue o texto e na sequência as imagens:
Os desenhos aquarelados e as instalações recentes de Daniel Murgel são paisagens contemporâneas. Neles a cena enquadrada pelo retângulo da tela dá lugar a espaços fragmentados, seja quando os monta por meio de alguns desenhos, seja quando num único trabalho mostra-nos seus principais emblemas: árvore, homem e cidade seccionados do ambiente comum que os deveria acolher e aconchegar.
A paisagem foi concebida pela arte do Ocidente como enquadramento, em retângulos horizontais, de cenas ao ar livre (a janela renascentista). Muitos podem supor que essa seja uma decorrência natural e lógica daquilo que observamos na nossa experiência visual do mundo natural ou urbano. Mas na realidade ela manifesta uma invenção histórica (portanto relativa) do Renascimento, baseada na fixação da linha do horizonte,fundamental para a perspectiva, já que para ela fugiam as projeções de todos os objetos situados no primeiro plano e em todos os outros planos do quadro.
Longe de resultarem de uma representação ótica exata da natureza, esses princípios são tão convencionais quanto quaisquer outros, já que existem exemplos históricos alternativos de construção paisagem, como a verticalidade do enquadramento habitual chinês ou a projeção planar da arte egípcia, por exemplo.
Murgel, no entanto, não altera somente a unidade espacial do quadro clássico, rompida de diversos modos, por muitos artistas, desde o modernismo.Ele desloca o homem da exterioridade contemplativa do quadro, para dentro do mundo desarticulado que sua obra apresenta. De sua ação positiva qual senhor do planeta o homem aqui é não só fragmento dessa outra paisagem, como também fragmento de sua própria integridade. Por isso a solidão de partes que só se comunicam parcialmente (pela fiação urbana que alinhava os pedaços de cada narrativa) ou pelas ilhas de espaço (fragmentos de paisagem inscritos em espaços reais) formadas por suas instalações nas quais o público pode quase sempre penetrar.
O olhar de Daniel Murgel edita fragmentos. Construir instalações ou apropriar-se de técnicas de longa tradição nas artes são operações correlatas. As questões que movem sua produção são indissociáveis, portanto, do domínio e da experimentação dos meios que elegeu. Aquarela e nanquim estão aqui a serviço da desarticulação de princípios de representação do espaço que no passado ajudaram a construir.
Fernando Cocchiarale
Novembro de 2007
abaixo segue o texto e na sequência as imagens:
Os desenhos aquarelados e as instalações recentes de Daniel Murgel são paisagens contemporâneas. Neles a cena enquadrada pelo retângulo da tela dá lugar a espaços fragmentados, seja quando os monta por meio de alguns desenhos, seja quando num único trabalho mostra-nos seus principais emblemas: árvore, homem e cidade seccionados do ambiente comum que os deveria acolher e aconchegar.
A paisagem foi concebida pela arte do Ocidente como enquadramento, em retângulos horizontais, de cenas ao ar livre (a janela renascentista). Muitos podem supor que essa seja uma decorrência natural e lógica daquilo que observamos na nossa experiência visual do mundo natural ou urbano. Mas na realidade ela manifesta uma invenção histórica (portanto relativa) do Renascimento, baseada na fixação da linha do horizonte,fundamental para a perspectiva, já que para ela fugiam as projeções de todos os objetos situados no primeiro plano e em todos os outros planos do quadro.
Longe de resultarem de uma representação ótica exata da natureza, esses princípios são tão convencionais quanto quaisquer outros, já que existem exemplos históricos alternativos de construção paisagem, como a verticalidade do enquadramento habitual chinês ou a projeção planar da arte egípcia, por exemplo.
Murgel, no entanto, não altera somente a unidade espacial do quadro clássico, rompida de diversos modos, por muitos artistas, desde o modernismo.Ele desloca o homem da exterioridade contemplativa do quadro, para dentro do mundo desarticulado que sua obra apresenta. De sua ação positiva qual senhor do planeta o homem aqui é não só fragmento dessa outra paisagem, como também fragmento de sua própria integridade. Por isso a solidão de partes que só se comunicam parcialmente (pela fiação urbana que alinhava os pedaços de cada narrativa) ou pelas ilhas de espaço (fragmentos de paisagem inscritos em espaços reais) formadas por suas instalações nas quais o público pode quase sempre penetrar.
O olhar de Daniel Murgel edita fragmentos. Construir instalações ou apropriar-se de técnicas de longa tradição nas artes são operações correlatas. As questões que movem sua produção são indissociáveis, portanto, do domínio e da experimentação dos meios que elegeu. Aquarela e nanquim estão aqui a serviço da desarticulação de princípios de representação do espaço que no passado ajudaram a construir.
Fernando Cocchiarale
Novembro de 2007
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